"A sobriedade requer qualidades que
nem sempre possuo. Não sou louco, mas exerço meu direito de distorcer a
realidade para que se encaixe nos meus
contextos." (Daqui)
O bobo, por não se preocupar com ambições, tem tempo pra ver ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: " Mas eu estou fazendo, estou pensando ". Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como siomples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria pra viver. A vantagem de ser bobo é ter boa fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem percebe que venceu. Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera, é uma das tristezas que o bobo não prevê. Bobo não reclama. Em compensação, como exclama ! Os bobos, com suas palhaçadas devem estar todos no céu. O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Os bobos ganham mais vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás nem se importam que saibam que eles sabem. Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.